A Matemática e o feirante, sabemos que a matemática está presente em tudo, e no cotidiano o saber matemático
popular dos trabalhadores informais é visto no caso dos feirantes que
utilizam a matemática de uma forma prática sem se preocupar com os
conhecimentos científicos que a disciplina envolve.
Quem nunca reparou numa feira
ao comprar um produto como o feirante dar o troco de uma forma
certeira, alguns estudiosos classificam isso como conhecimento leigo,
por exemplo, uma dúzia de laranjas custa R$ 6,00 (seis) reais, quanto
custa cada laranja? veja se dividirmos 6,00 /12 = 0,50 ou seja, cada
laranja custa 0,50 (cinquenta) centavos.
O cliente comprou duas dúzias e deu para cobrar uma nota de 2,00 e
duas notas de 10,00 totalizando R$ 22,00, logo o feirante raciocina que o
troco é R$ 10,00. Agora se o cliente tivesse dado R$ 20,00 o feirante
daria o troco de R$ 8,00 reais, observamos que os feirantes estão a todo
o momento usando a Matemática, mesmo que eles não têm um o conhecimento
científico, e apenas a prática cotidiana.
A importância da prática cotidiana
Em diversas áreas observamos a prática cotidiana
da matemática, sendo utilizado por vários trabalhadores informais um
deles é o camelô que tem grande facilidade de passar o troco, outro
profissional informal que vemos no dia a dia é o pedreiro que busca ter
conhecimento matemático e se dá de diferentes formas, por eles
desenvolverem conceitos geométricos, volumes, escalas e áreas de metros
quadrados. Nessa linha de pensamento veremos a importância da prática
cotidiana da matemática, muitos deles usam vários conceitos científicos
sem saber que estão usando, por isso chamamos de conhecimento popular ou
leigo. Alguns pesquisadores já estão seguindo a linha de pesquisa como a
modelagem matemática e o conhecimento matemático cotidiano popular.
O saber matemático popular e o saber matemático científico
Pesquisadores da UFAl – Universidade Federal de Alagoas do Campos
Arapiraca, elaborou um projeto que objetiva entender a relação existente
entre o saber matemático popular e o saber matemático científico e
busca também compreender como se dá a construção do conhecimento popular
e o seu processo de aplicação na prática social efetiva. Quanto aos
pedreiros, destaca se que a análise do conhecimento matemático se dá de
diferentes formas, por eles desenvolverem conceitos geométricos, por
meio de experiências não-formais em diferentes contextos sociais.
E por outro lado percebemos que a falta de domínio da matemática
escolar é a sua principal dificuldade profissional. Os conteúdos como
porcentagem, escala, volumes e áreas são trabalhados constantemente por
eles de maneira bem informal, mas com uma sabedoria que poderá ser
aproveitada no âmbito escolar. Mas, mesmo obtendo êxito na profissão
enfrentam dificuldade em inserir-se no mercado de trabalho como
determina as leis trabalhistas, ou seja, com carteira assinada, em
empresas ou construtoras. A construção de alternativas
didático-metodológicas no processo de ensino-aprendizagem para ampliação
do conhecimento matemático dos feirantes e pedreiros pesquisados são
destacadas no estudo do projeto.
Outro ponto observado no projeto é priorizar os trabalhadores informais de Arapiraca, em Alagoas, que possuem baixa escolaridade e que estão fora da escola, a partir do processo de ensino da Matemática é um dos objetivos “Matemática
na Rua e na Escola: uma análise das diferentes formas de construção do
conhecimento matemático no município de Arapiraca”, coordenado
pelo professor Talvanes Eugênio Maceno, docente da disciplina
Planejamento, Currículo e Avaliação nos cursos de Licenciatura.
Como acontece este conhecimento popular?
Um questionamento feito por professores e matemáticos, é como
acontece este conhecimento popular ou leigo destes trabalhadores
informais. Como eles conseguem aprender a fazer contas de cabeça, ou
como eles conseguem passar manusear as quatro operações matemáticas:
Multiplicar, Dividir, Somar e Subtrair se eles não têm um conhecimento
condensado?
Muitos deles nunca foram a escola, então como aprenderam a contar.
Questionamentos como estes é comum ao deparar com um pedreiro que fazem
um orçamento em um ou mais cômodos e dar o valor correto de quanto irá
gastar com mão de obra, e quanto vai gastar de material. O contratante
por sua vez tem formação superior até mesmo na área de exatas e fica
pensando, como este pedreiro conseguiu fazer estes cálculos. Bem
geometricamente falando para quem estou geometria é fácil calcular uma
área em metro quadrado, saber quantos galões de tintas precisa, ou
quantos metros de azulejos precisa numa sala ou cozinha.
Diante do exposto, é evidente que o conhecimento popular ou leigo é
adquirido no convívio do meio, sim o que a psicologia da aprendizagem
classifica como a Psicologia ambiental que é uma área da psicologia que
estuda o convívio social.
“(…) Piaget defende a teoria segundo a qual a nossa capacidade de
conhecer o mundo e de aprender se desenvolve gradualmente, por etapas ou
estágios. No estágio operatório-concreto, é suposto que a criança, ou a
pessoa adulta já seja capaz de compreender a conservação da matéria,
percebendo que, por exemplo, a quantidade de líquido é a mesma,
independentemente do recipiente em que está ou ter a noção de objeto
permanente, percebendo que, mesmo escondido, um objeto não desaparece ou
deixa de existir. Estas pequenas conquistas cognitivas, que para nós
são banais, são fundamentais para o desenvolvimento da inteligência
adulta. (…)”.
Conclui-se que estes trabalhadores
informais mencionados como o camelô, o feirante e o pedreiro entres
outros, aprendem matemática através do convívio do meio social, algo
passado de pai para filho, do irmão mais velho para o mais novo.
Observamos numa feira o filho acompanha o pai, mesmo que ele estuda numa
escola regular ele é capaz de aprender a calcular nos modos do
conhecimento popular. Entretanto, esta aprendizagem acorre por meio de
um comportamento de mudança de hábitos e costumes, é comum ouvimos as
pessoas relatarem que seus avós faziam cálculos mentais com rapidez essa
prática só reproduz independente das mudanças tecnológicas.