
Professores de todos os Estados
enfrentam um grande desafio no uso de novas tecnologias para ensinar a
distância, muitos não imaginava que um dia no ensino fundamental e médio as
aulas teriam que ser elaboradas e transmitidas de casa, seja na sala,
num pequeno escritório, ou um improviso tudo é válido para ensinar em tempos de
pandemia.
Existem várias ferramentas de videochamadas,
ou videoconferência, os dois mais utilizados são: o Zoom e o Google
Meet. Em comparação
entre os dois o Google meet ganha em questão de ser mais fácil de usar e
possuir mais opções de benefícios. Por
exemplo, na etapa de instalação e configuração, o Google Meet é mais simples de configurar, pois você não
precisa instalar nada e isso pode ser feito a partir de um navegador.
Os participantes e usuários do Google Meet não
precisam baixar ou instalar nenhum software adicional no computador para
acessar a sala de reunião online. O link da reunião pode ser enviado por
e-mail ou WhatsApp, e quando o usuário clica no link
é aberto direto no navegador, a maioria dos browsers tem total compatibilidade com o Google Meet.
Você pode acessar e configurar uma
sala de reunião no seguinte endereço online: meet.google.com. Também
há um aplicativo para o
Google Meet nas versões Android e iOS que está
disponível nas respectivas lojas dos aplicativos.
A pandemia do novo coronavírus fez
explodir o uso de sistemas e aplicativos desenvolvidos para atividades
pedagógicas remotas. O fenômeno se acelerou na rede básica de ensino após o
Conselho Nacional de Educação (CNE) dar sinal verde, em 18/3, para a realização
de aulas online a partir do ensino fundamental.
Com escolas fechadas pela política de
isolamento social, a utilização maciça de ferramentas digitais em substituição
às aulas presenciais expôs as insuficiências da educação a distância (EaD) no
país. Algumas delas são a falta de formação específica para professores e o
precário acesso da população a recursos tecnológicos, como computadores e
internet de qualidade.
Especialistas temem, ainda, que as
políticas oficiais se curvem a interesses de fundações privadas e grandes
plataformas digitais para naturalizar o uso da EaD na educação básica após a
pandemia. Motivada por uma situação excepcional, a posterior utilização em
larga escala da modalidade poderia servir para reforçar uma formação pragmática
e acrítica.
Mercado de pacotes educacionais
preocupa
Joaquim da Silva, membro do Comitê
Permanente do Complexo de Formação de Professores (CFP) da UFRJ, considera que,
mais à frente, negócios privados ligados ao mercado educacional podem, de fato,
vir a se beneficiar da atual crise de saúde pública. “Acredito que sim. Sabemos
que há o interesse de grandes corporações na venda de pacotes educacionais que
prometem, sem cumprir, uma eficiência a toda prova do ensino e da aprendizagem
de conceitos”, afirma.
É um interesse, diz, que se alia a
outro: o de se reduzir o papel político do professor, o profissional
encarregado, segundo ele, de mediar o processo formativo do aluno e que vai
muito além da aprendizagem de conceitos. “Na verdade, o problema não está na
EaD, mas no seu uso de forma desvinculada da prática profissional docente em
toda a sua amplitude”, analisa Silva, que também é assessor da Pró-Reitoria de
Graduação (PR-1) para o CFP.
Anna Thereza de Menezes, diretora
adjunta de Licenciatura, Pesquisa e Extensão do Colégio de Aplicação (CAp) da
UFRJ, também vê com preocupação o uso indiscriminado da EaD após a pandemia.
“Creio que o risco sempre existe, sobretudo em um contexto de tentativa
anterior de implementação da educação domiciliar e do constante ataque à
educação, com corte de verbas e um discurso que muitas vezes demoniza a escola
e seus agentes”, condena.
Além disso, acrescenta, é sabido que a
iniciativa privada se beneficiaria com o uso da EaD. Ela lembra que algumas
secretarias de Educação de estados e municípios já adotam programas criados
pela Fundação Lemann e pelo Instituto Ayrton Senna, por exemplo. “Algumas
organizações fornecem videoaulas, apostilas e outros materiais que anulam a
presença do professor e retiram tanto o protagonismo estudantil quanto a
autoria docente do processo de ensino-aprendizagem”, critica Anna Thereza, que
integra o Comitê Permanente do CFP.
A internet foi tudo o que nos restou
No Rio de Janeiro, a rede estadual
anunciou o uso da ferramenta Google Classroom para aulas virtuais a partir do
dia 6/4. Já o município do Rio disponibilizou um aplicativo com recursos de
apoio pedagógico para os estudantes durante o período de isolamento social.
Tamara Lázaro, coordenadora pedagógica da Escola Municipal Albino Souza Cruz, localizada
na comunidade de Manguinhos, considera que a pandemia tornou inevitável o uso
de tecnologias virtuais.
“Penso que é imprescindível o esforço
para a manutenção do vínculo da criança com a escola e o universo letrado, o
que não necessariamente se daria através de aulas virtuais, embora a ferramenta
‘internet’ seja tudo o que tenha nos restado neste momento”, comenta. Contudo,
ela salienta que muitas crianças tiveram o seu primeiro contato com a
tecnologia digital na escola. “Falo sob a ótica de uma educadora popular da
educação pública”, frisa Tamara, eleita para o Conselho Gestor Intersetorial
(CGI) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que discute educação, saúde e
assistência no território de Manguinhos.
“Há alguns anos, tornou-se um pouco
mais acessível o uso de dispositivos tecnológicos e da internet. No entanto,
não há como dizer que todas as camadas foram atingidas por esse avanço”,
destaca. Segundo a coordenadora, uma família que possui apenas um dispositivo
eletrônico, com pacote de internet pré-pago, e tem três crianças necessitando
de aulas online diárias não estaria contemplada por uma educação a distância
adequada.
Sobre o uso do aplicativo
disponibilizado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro,
considera a iniciativa válida, embora esbarre nas dificuldades elencadas acima.
Tamara conta que os gestores e o corpo docente da unidade escolar são os
responsáveis pelo diálogo com os responsáveis e pela inserção do conteúdo,
colocando-se à disposição para as dúvidas dos estudantes.
Professor fazer live não resolve
Joaquim Silva trabalha com EaD no
curso de licenciatura em Química da UFRJ há mais de 10 anos. Ele diz que a
modalidade pode ter um papel muito significativo durante a pandemia, desde que
se considerem as suas especificidades.
Segundo o docente, a EaD requer
materiais com linguagem e estética diferentes daqueles utilizados nas aulas
presenciais. As formas de interação com os alunos, afirma, também se dão por
outros canais e com outra demanda de tempo: “Não adianta o professor achar que
fazer uma live
resolve o problema”.
O desafio, pelo contrário, é imenso –
diz Silva – e exige um envolvimento muito maior do professor, “que precisa ter
uma formação básica como docente dessa modalidade antes de se aventurar por
ela”.
Já para Anna Tereza, a EaD surge,
nesses tempos de pandemia, como um ilusionismo. Tal como o mágico que retira o
coelho da cartola, ela afirma que os profissionais da educação tiveram que
inventar exercícios, produzir extensas páginas com conteúdos de suas variadas
disciplinas, passar a fazer vídeos e forjar uma relação virtual que até então
não existia.
“Confunde-se, muitas vezes, a ação de
informar com a de produzir conhecimento. Essa última pressupõe uma postura
ativa das partes na partilha de ideias, na construção conjunta e na elaboração
de proposições às várias inquietações”, analisa.
Professores e profissionais da
educação, segundo ela, tiveram que buscar soluções para uma prática que não
cabe no virtual. “No lugar de se entendê-lo como espaço de experimentação,
mantiveram-se atividades escolares sob uma mesma estrutura disciplinar e, no
caso da educação básica, segmentada por faixas etárias e séries”, critica.
A atual situação exige dos estudantes
e das famílias – prossegue – uma reinvenção da rotina escolar fora da escola, o
que implica a reinvenção da rotina da casa. “Uma prima me disse que a filha
dela não se interessa pelo conteúdo escolar fora da escola. Ela associa a casa
à brincadeira, ao lazer, o que, me parece, é natural”, relata.
Anna Thereza acredita que a EaD
utiliza ferramentas que podem ser interessantes na manutenção do vínculo com
estudantes durante a pandemia, ou mesmo no decurso do ano letivo, com as aulas
presenciais normalizadas. O CAp, por exemplo, tomou a iniciativa de desenvolver
um site interativo para os professores e estudantes: o CAp-UFRJ na
Quarentena.
O objetivo principal, segundo a
professora, é estabelecer um espaço de manutenção de vínculo e mútua acolhida diante
do contexto de isolamento social provocado pela pandemia. Ele funcionará como
uma plataforma de partilha das experiências vivenciadas durante o período de
confinamento (saiba mais aqui).
No entanto, para Anna Thereza, como
substituta do ensino presencial, a EaD torna-se um problema. A escola
continua sendo, para muitas crianças e adolescentes, segundo ela, o local
primordial de interação social, onde se deparam com a diferença de pensamento e
de formas de ser e estar.
Ela lembra também que a escola é um
lugar, sobretudo, de formação de sujeitos, da prática da escuta, do fomento ao
diálogo e do reconhecimento e respeito ao outro. “A partir do momento em que me
vejo frente ao outro, passo a reconhecê-lo enquanto sujeito, e não enquanto
avatar”, afirma.
EaD não pode ser usada de forma
fortuita
Joaquim Silva lembra que o Complexo de
Formação de Professores apoiou o posicionamento da UFRJ em relação à suspensão
das aulas e às atividades remotas. O Complexo endossou a diretriz da
Universidade – continua – até por entender a seriedade da modalidade EaD, “que
não pode ser utilizada fortuitamente neste momento já tão complicado”. Em nota divulgada em 28/3, o Comitê Permanente do CFP
ressaltou que “o calendário futuro seguirá abrangendo o conjunto das
licenciaturas e deverá estar em harmonia com o calendário das redes de educação
básica”.
Segundo o professor, deve-se, porém,
avançar no debate sobre o que fazer durante o período da quarentena. Ele
defende que toda e qualquer decisão necessita ter por base o princípio da
isonomia dos discentes. “É preciso haver garantias de que todos terão igual
acesso ao material e que as adaptações serão feitas considerando as
especificidades da realidade de cada um. Não basta almejarmos a igualdade, é
preciso promover a equidade ao longo de todo o processo”, completa.
Fonte: UFRJ
Sobre o Autor

Valdivino Sousa é Professor, Matemático, Pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, Psicanalista e Escritor. Criador do método X Y Z que facilita na aprendizagem de equação e expressão algébrica com objetos ilustrativos. Autor de mais de 15 livros e têm vários artigos publicados em revistas e jornais. É programador Web e editor do blog Valor x Matemática News, Produtor de Conteúdo e Colunista Mtb 60.448. Semanalmente escreve para o portal D.Dez e TOP 10 News, sobre: Comportamento, Educação Matemática e Desenvolvimento da Aprendizagem. E-mail: valdivinosousa.mat@gmail.com Whatsap: 11 – –9.9608-3728 Veja Biografia