Modelos
matemáticos ajudaram, e ajuda a combater o Covid-19 no Reino Unido, essa foi a estratégia do governo britânico
contra o coronavírus baseava-se na "mitigação" da pandemia e na
"imunização de rebanho", ou infecção de grande parte da população,
que na teoria desenvolveria imunidade coletiva com o objetivo de proteger todos
os cidadãos.
Mas de repente tudo mudou: um modelo matemático apresentado pelo Imperial College de Londres deu um panorama
extremamente sombrio de como a doença ia se propagar pelo país, como ia
impactar o sistema público de saúde (o SUS do Reino Unido, chamado de NHS) e
quantas pessoas iam morrer.
E a mensagem não poderia ser mais
clara: ou muda-se a estratégia ou mais de 250 mil pessoas vão morrer por causa
do novo coronavírus, mesmo se o sistema puder atender todos os pacientes
contagiados.
Nos Estados Unidos, esse modelo mostra
que entre 1 milhão e 1,2 milhão de pessoas podem morrer pelo coronavírus se
medidas imediatas não forem tomadas.
"Pode ser que a gente viva em um
mundo muito diferente do que conhecemos durante um ano ou mais", disse
Neil Ferguson, chefe do programa de modelos matemáticos do Imperial College de
Londres, ao jornal Financial Times.
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Na Itália, os contágios alcançaram 12 mil casos e mais de 1,8 mil contagiados |
Por isso, o primeiro-ministro do Reino
Unido, Boris Johnson, começou a falar de "supressão", que é a
estratégia que foi utilizada na China e que significa romper a cadeia de
contágio com a distância social de toda a população, em vez de
"mitigação".
A OMS (Organização Mundial da Saúde)
já havia declarado que se a opção fosse não fazer nada, as mortes no Reino
Unido podiam chegar a 510 mil. Tendo isso em conta, optou-se pela estratégia de
mitigação, com o objetivo de não fechar o país.
Se o governo continuasse com o modelo
de mitigação, no entanto, não haveria só essa quantidade de mortos, mas o
sistema de saúde entraria em colapso.
"A estratégia de supressão é a
única viável", diz o estudo do Imperial College.
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Se continuassem com a estratégia de mitigação, nos EUA poderiam morrer até 1,2 milhão de pessoas por causa do coronavírus |
O modelo
Para criar esse modelo, os cientistas,
levando em conta a experiência de países como a China e a Coreia do Sul,
mediram as três estratégias possíveis para enfrentar a pandemia:
- Supressão: romper as cadeias de transmissão,
tratando de efetivamente deter a epidemia e reduzir os casos ao menor número
possível, como fez a China;
- Mitigação: aceitar que não se pode deter o
coronavírus e, portanto, diminuir sua propagação e tratar de evitar ao máximo
casos de contágio que fariam colapsar o sistema público de saúde. Essa era a
estratégia do governo britânico até esta segunda, 16:
- Inação: não fazer nada e deixar que o
coronavírus ataque toda a população gerando imunidade coletiva.
"O que esse modelo nos diz é que
devemos reduzir a curva dos casos, com a certeza de que não vamos
zerá-la", disse à BBC Patrick Vallance, assessor de assuntos científicos
do governo britânico.
O estudo do centro de pesquisas parte
do cenário mais similar ao que a humanidade enfrentou com um vírus sem uma
vacina disponível: a pandemia da gripe H1N1 de 1918, a chamada gripe espanhola,
quando cerca de 50 milhões de pessoas morreram ao redor do mundo.
Com isso em mente, o modelo
implementado pelo Imperial College para realizar sua medição pega algumas
variáveis como os dias de incubação do vírus (5,1 dias), a média de pessoas que
se contagiaram por dia, as circunstâncias de controle que existiam quando se
contagiaram e as taxas de mortalidade e de recuperação.
Também levaram em conta, de acordo com
os dados enviados por cada país, as políticas que foram implementadas, como por
exemplo: pessoas que foram colocadas em quarentena por apresentar sintomas,
pessoas que foram isoladas porque tiveram contato com outra pessoa infectada,
distância social das pessoas com mais de 70 anos de idade, distância social de
toda a população e o fechamento de escolas e universidades.
Os especialistas aplicaram variáveis
de tempo e quantidade de pessoas infectadas a cada um desses aspectos e,
sobretudo, como poderiam impactar o sistema de saúde dos dois países, Reino
Unido e EUA, levando em conta os leitos disponíveis em cada país.
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Depois de mudanças de estratégia do governo britânico, lugares como estações de trens começaram a ficar vazios
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Resultados
Os resultados deixaram os
especialistas desconcertados: se os dois países não tomarem medidas, o modelo
mostra que o pico de contágio será alcançado em três meses, infectará cerca de
80% da população e deixará 510 mil mortos no Reino Unido e cerca de 2,2 milhões
nos EUA. Além disso, um sistema de saúde
colapsado.
Com a estratégia de mitigação do
contágio, além das 255 mortes no Reino Unido e 1,2 milhões nos EUA, o problema
seria manter esse sistema de saúde para os casos que devem ocorrer a longo
prazo.
"Nossa maior conclusão desse
modelo é que a estratégia de mitigação — a que o governo britânico estava
adotando — não é factível porque supõe respaldar-se em um sistema de saúde que
se veria superado em vários números e em sua capacidade de recuperação",
diz o documento.
Os dados mostram que a estratégia de
supressão, que é a mistura de todas essas políticas, reduziria em "dois
terços" a demanda por atenção médica por parte dos serviços de saúde no
ponto mais alto da crise e é "a política correta para endereçar a
pandemia".
"Os efeitos sociais e econômicos
para poder adotar essas medidas serão profundos porque deverão ser financiadas
durante um tempo", diz o texto.
Finalmente, indica que muitos países
já adotaram essa estratégia para mitigar o impacto na sociedade e que inclusive
países como o Reino Unido, onde o coronavírus está em uma etapa incipiente — em
comparação com a Itália e a Espanha — devem adotá-la de forma iminente.
Sobre o Autor
Valdivino Sousa é Professor, Matemático, Pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, Psicanalista e Escritor. Criador do método X Y Z que facilita na aprendizagem de equação e expressão algébrica com objetos ilustrativos. Autor de mais de 15 livros e têm vários artigos publicados em revistas e jornais. Tem experiência na área de Matemática, com ênfase em Equações Diferenciais Parciais, Matemática Computacional e Engenharia Didática, atuando principalmente nos seguintes temas: métodos numéricos, equações diferenciais, modelagem, simulações e didática no ensino de Matemática. Além da Matemática atua há mais de 20 anos em Contabilidade e desde 2005 é Contador responsável da Alves Contabilidade. Outras atividades: Produtor de Conteúdo, Cientista de dados e Colunista Mtb 60.448. Semanalmente escreve para o portal D.Dez e Folha Online. Sobre: Comportamento, Educação Matemática e Desenvolvimento da Aprendizagem. E-mail: valdivinosousa.mat@gmail.com Whatsap: 11 – –9.9608-3728 Veja Biografia
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