Criança
que resiste à matemática pode sofrer de discalculia, muitos pais e professores
não sabem, mas crianças com dificuldades para continhas simples do tipo 4+3 ou
4x3, ou ter um olhar de espanto e desinteresse ao ver fórmulas ou contas que
exigem poucos segundos de raciocínio, podem sofrer de discalculia.
Se um dos problemas acima faz parte da
vida de seu filho e não condiz com a idade escolar dele, fique atento. O
pequeno pode ser uma criança que resiste à matemática e sofre de descalculia,
um distúrbio neurológico que afeta a habilidade com números e, óbvio, o
desempenho em sala de aula.
Considerada um problema de aprendizagem
aritmética que atinge cerca de 3 a 6% da população em idade escolar, a
discalculia pode estar associada à dislexia e faz com que a pessoa tenha
dificuldades para estimar grandezas, confunda operações, conceitos, fórmulas,
sinais numéricos e a utilização da matemática no dia a dia.
A discalculia é mais comprometedora da
funcionalidade que os problemas relacionados à leitura, porque toda nossa vida
gira em torno de números. O mau desempenho matemático tem várias consequências,
como a baixa remuneração dos empregos e a dificuldade de aquisição de renda –
explicou o neurologista Vitor Geraldi Haase durante o 6º Congresso Brasileiro
de Cérebro, Comportamento e Emoções.
Você percebe que seu filho está em
conflito com a matemática quando tem notas baixas na disciplina, dificuldade de
aprender, não consegue compreender a tabuada, persiste em contar nos dedos, não
faz relações com tempo, tamanho e quantidade. Mas, para avaliar a aquisição ou
não da discalculia, o recomendado é aplicar testes padronizados. Nem toda
resistência é sinal do problema.
Pais e escolas que não conhecem o
conceito da discalculia ficam desamparados. Atribuem o transtorno à preguiça ou
à suposta burrice das crianças. Assim, acabam usando medidas punitivas,
castigos e o conflito familiar para mudar o comportamento das crianças – disse
Haase.
Ao longo da vida, os reflexos das
“complicações numéricas” são tantos que, de acordo com a Sociedade Brasileira
de Matemática, o raciocínio desenvolvido pela matemática pode influenciar
também no progresso da leitura e da análise de textos. Além disso, crianças com
dificuldade na disciplina geralmente carregam estereótipos na escola. Na fase
adulta, se não tratadas, podem ter complicações até na hora de fazer compras
parceladas, distribuir o salário e montar o orçamento doméstico, explica o Pedagogo
e Matemático Valdivino Sousa. A matemática pode ser um problema em sala de
aula. Mas precisa ser bem ensinada e aprendida – alerta o Pedagogo e Matemático.
Se pais e professores não têm
paciência, e didática, a criança poderá ficar insegura e com medo de novas
situações, podendo desenvolver até mesmo uma fobia matemática. Baixa autoestima
devido a críticas e punições de pais e colegas também subtraem o lado
intelectual e pessoal.
Criatividade ajuda a somar
Cubos de números, material de contas
douradas, barras de diferentes comprimentos e objetos com diversas formas
geométricas poderiam ser divertimento de qualquer brinquedoteca de uma escola.
Nas aulas da professora de matemática Luciane Cardoso de Freitas, do colégio
Província de São Pedro, na Capital, os materiais são apoios diários no ensino
da matemática.
Os conteúdos são desenvolvidos a
partir de materiais e trabalhados em grupos, que somam, dividem e subtraem. Com
a forma lúdica e concreta, conseguem visualizar e entender melhor, fazendo
grandes descobertas com os números.
– Há crianças com fobia matemática por
nunca terem sucesso na disciplina, assim como não conseguem acompanhar o
raciocínio. “Cabe ao professor dar oportunidade a cada criança de acordo com a
sua capacidade e desempenho, pois cada criança tem seu limite de aprendizagem,
fazendo dessa forma teremos sucesso e a própria criança começa ver a matemática
com outros olhos”, diz o Pedagogo e Matemático Valdivino Sousa.
De acordo com a Valdivino Sousa que
também é e professor de Matemática e criador do método XYZ que facilita na
aprendizagem de equação e expressão algébrica com o uso de objetos ilustrativos,
“alguns processos cognitivos são importantes para a aprendizagem da matemática.
Um deles é a memória de trabalho, capacidade que temos de reter dados
temporários no mesmo momento em que processamos outras informações. Além disso,
os professores também devem estar qualificados para identificar a melhor forma
de trabalho”.
Briga da tabuada
Contagem nos dedos, nos palitinhos,
fechando os olhos ou falando em voz alta. Seja qual for a técnica utilizada, a
tabuada deve ser memorizada. De acordo com o neurologista Vitor Geraldi Haase,
doutor em biologia humana, ao decorar a tabuada, a criança ativa os dois lados
do cérebro. Mas pessoas com discalculia apresentam dificuldade de desenvolver o
sistema simbólico verbal e arábico, o que traz dificuldade de aprender e de
perceber o significado da tabuada.
Ui, que medo!
Suadores, calafrios, dores de barriga
ou de cabeça podem ser sinais de ansiedade ou de fobia relacionada aos números.
A aversão pode ser produto de experiências negativas, como o constante erro nos
exercícios matemáticos e a repressão e cobrança de pais e professores. A dica
para superar é relaxar, ter paciência e, em casos complicados, procurar um
especialista.
Teste em casa
Pais e professores que identificam
cedo alguma dificuldade matemática nas crianças podem ajudá-las a superar o
problema. Uma dica do neurologista Vitor Geraldi Haase é fazer um teste de
gnosia digital em casa.
Esconda a mão da criança com um pano
ou com uma caixinha. Toque em um dos dedos dela, sem que ela veja qual deles
foi apalpado. Depois, pergunte qual foi o dedo tocado. Se ela errar, é possível
que tenha de receber atenção especial na área da matemática – e os pais podem
incentivá-la em casa. O teste pode ser feito em crianças de cinco e seis anos.
Outra opção é fazer uma espécie de
happy hour com seu filho. Reserve um momento do dia para se envolver com ele
por meio de brincadeiras e atividades sociais. Se a criança mostrar-se rebelde,
use técnicas de obediência por meio do incentivo, e não da punição.
Professor particular
Por mais que alguns pais acreditem que
o professor particular é uma forma de dependência para o aprendizado, o
profissional pode, sim, ajudar no desempenho das crianças em sala de aula. Com
aulas focadas em determinadas necessidades, as aulas podem ajudar até mesmo a
desviar o conflito de autoridade dos pais, que nem sempre têm paciência na hora
de ensinar os pequenos.
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